Los dias con mi madre

Estes dias com a minha mãe foram em tudo semelhantes aos que passei com o meu pai. No entanto, o croissant de manhã, como faz em telheiras e algumas outras rotinas e gestos, tornaram a experiência com a minha mãe diferente da que vivi com o meu pai.
Os passeios foram parecidos, excepto no último dia, passado no zoo, mas as sensações, as conversas e as cumplicidades, embora parecidas, foram completamente diferentes.
Quando levei a minha mãe ao comboio não me apercebi, em parte porque estava de directa duma discoteca, dos sentimentos que, só agora que acordei, me invadem. O mesmo vazio, a mesma saudade que anteriormente vivi.
O que mais me custa, e só agora o vejo, é pensar que, ao irem embora, vão orgulhosos da pessoa em que me tornei e que, agora, conseguiram ver melhor. O que custa, é pensar que a criança que era antes, se escondeu, não morreu porque a criança dentro de nós nunca morre, mas deixou de ter tanta ênfase.
Gosto de me sentir capaz, gosto de ser adulta e pensar como tal, gosto de viver sozinha e de ter a minha independência, mas imagino o quanto custa aos meus pais verem que a Ana, a menina de cabelinhos finos e perninhas magricelas, que liderava tudo e todos, e que andava sempre aos saltinhos por todo o lado, cresceu e se tornou adulta. Custa-me pensar nos carnavais que já não são passados no zoo, custa-me pensar nas festas de anos que já não são no parque da serafina, custa-me pensar nos passeios no pontão que já não percorridos pendurada no braço do meu pai.
Não podia sentir-me mais realizada, mais confiante da amizade que tenho com os dois, da cumplicidade que partilhámos nestes dois fins de semana, da vida que levo aqui. Não me arrependo das decisões que tomei, não me arrependo dos rumos que segui e dos laços que criei em cada um deles. Não me arrependo de nada, e só me posso sentir a pessoa mais feliz, por poder partilhar tais experiências com esta família.
Ao meu pai e à minha mãe, o maior obrigado por tudo o que me ensinaram. Ao meu irmão, o maior obrigado por todas as partilhas, e o desejo de que vivas algo assim, porque sei que vais amar, e também eu quero ler-te e aprender sobre ti quando viveres isto.
A todos os outros, o maior obrigado por estarem aí.
Estou orgulhosa de mim, por vos ter a vocês todos. Mudei muito com esta experiência. No geral, acho que para melhor. Mas ainda há muito para aprender. É com isso que conto, no regresso.