Os Aventureiros

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Noticias de Barcelona

Desconfiamos que a nossa vizinha de cima tem uma escola de música em casa. Para além de acordarmos todos os dias com ela a tocar (mal) uma gaita qualquer, que a Ana - no seu perfeito desconhecimento de música - desconfia que seja um clarinete, ainda temos de a ouvir cantar (ainda pior) e tocar piano (melhor que o resto).
Tirando isso, hoje fomos de novo à faculdade. Desta vez, decidimos pôr os despertadores para mais cedo, por isso às 20 para as 7h a Ana acordou com o despertador do Fábio a tocar. Tendo em conta que o dela estava preparado para as 7.30h, a sua vontade foi espancar o menino. Não o fez, em vez disso virou-se para o outro lado e adormeceu. Quase uma hora depois, acordou com o seu despertador, levantou-se, vestiu-se, arrumou a mala com as coisas que tinha de levar para a faculdade e, quando saiu do quarto a ouvir pela 2456ª vez o despertador do Fábio (que toca de dez em dez minutos até ser desligado) deparou-se com ele a dormir à grande, com o telemóvel a berrar-lhe aos ouvidos. A Ana, com o seu bom humor matinal característico, só conseguiu dizer "Fábio levanta-te!" e foi comer. Passado 15min o Fábio estava pronto e saímos. Os dois a dormir em pé, fomos andando para a estação, onde o comboio estava à nossa espera. Entrámos logo, parcialmente esmagados pelas 3758564 pessoas que lá estavam, e encostámo-nos às portas observando, como tanto gostamos de fazer, as várias atrocidades que se passeavam no comboio àquela hora.
Aí o nosso humor começou a melhorar e já nos estávamos a rir quando as portas abriram e tivémos de sair. Com o chapéu de chuva aberto, embora já não estivesse a chover, deslocámo-nos até à janela mais alta da torre mais alta, onde estavam afixadas as salas onde íamos ter aulas hoje. É fácil, temos sempre aulas nas salas 35, 36 ou 37, dependendo do ano com que estamos. Sim, porque nós temos disciplinas com as turmas dos 3 anos.
Depois do inevitável café da manhã, de que o Fábio não prescinde mesmo sendo, eufemisticamente, uma água suja, fomos para o pavilhão III e sentámo-nos à porta da sala. Aí estavam outros alunos, que não fizeram o mínimo esforço para disfarçar aquele olhar de "UAU, extraterrestres!" e que acabaram por nos acompanhar para dentro da sala quando a professora passou. Receosos do que seria uma aula de inglês dada por uma espanhola, sentámo-nos numa mesa ao pé da porta, para o caso de termos de sair perdidos de riso. Para nosso espanto, a senhora falava extraordinariamente bem inglês e, como não conhecia a turma e não fazia puto de ideia quem éramos todos, pediu que nos apresentássemos. Quem foi a primeira contemplada?! A Ana! Porquê? Porque tivémos a bela ideia de nos sentarmos na mesa da ponta! Enfim... A Ana levantou-se e quando disse a primeira frase ("Hi, my name is Ana and I'm a erasmus student coming from Portugal") as caras viraram-se todas com um ainda maior ar de quem estava a olhar para um extraterrestre. A início pensámos que isso se devesse ao facto de sermos de Erasmus, por isso não ligámos, mas depois percebemos, pelos comentários que fizeram a seguir à Ana acabar, que o espanto era mesmo pelo nível de inglês que demonstrou... Fantástico! Depois da Ana falou o Fábio e aí os ares de pânico pioraram um bocadinho mais. A professora foi forçada a dizer que não se preocupassem, porque não nos ia comprar com eles, pois sabia que em Portugal o nível de inglês era muitíssimo bom (modéstia à parte) e por isso nos ia usar um bocadinho como um apoio.
Depois de todas as outras apresentações (sem descrição possível, exceptuando um ou dois casos, mais normais) a professora perguntou se alguém tinha questões a colocar aos extraterrestres, já que éramos os únicos que eles não conheciam, pondo-os à vontade no tipo de perguntas. A primeira pergunta feita, por um rapaz que já de si chamava a atenção (quanto mais não fosse, pelo cabelo pelo meio das costas e o seu 1,90m) foi dirigida à Ana e referia-se à existência, ou não, de namorado. Tendo em conta a pessoa que perguntou, a reacção imediata da turma e da Ana foi rir a bandeiras despregadas. Quando se retomou a calma a Ana respondeu com o seu sorriso 37 e as perguntas continuaram. Depois de algumas perguntas mais normais e menos pessoais (se estávamos a gostar de Barcelona, porquê este sítio, etc) foi a vez de pedirem, de novo à Ana, vá-se lá saber porquê, que dissesse alguma coisa em Português. Disse que ia repetir o que tinha dito em Inglês e a reacção da turma foi bombástica. Parecia a descoberta da pólvora, ou algo do género. Sem que percebamos muito bem porquê, a língua portuguesa - para nós, perfeitamente banal - é objecto de grande admiração e é vista como uma linda língua. Este povo é estranho...
Depois da aula de inglês, onde nos sentimos realmente bem e integrados, foi altura da aula de introdução à didática, ainda com a turma do 1º ano. Quando a professora entrou entrámos em pânico. Sem se aperceber de que não éramos catalães, começou a desbobinar matéria e conteúdos a aprofundar no semestre tudo em catalão! Depois de vários olhares complacentes dos membros da turma, e do choque inicial, recompusémo-nos e começámos a fazer um esforço por perceber. Sem qualquer problema. As ideias base ficaram, que é o mais importante, e no contexto percebemos perfeitamente tudo o que foi dito. No final da aula, uma aluna foi a correr explicar a situação à professora, que veio ter connosco antes que conseguíssemos levantar o rabo das cadeiras. Pediu-nos muita desculpa, mas não tinha conhecimento da situação, e depois de uma conversa rápida percebemos que temos total disponibilidade de a avisar se não estivermos a compreender. Percebemos também que temos total apoio dos alunos, que se prontificaram a ajudar-nos com o catalão quer falado quer escrito. Em troca, prontificámo-nos a ajudá-los no inglês, o que agradou à maior parte. Fizémos mais amigos portanto! No final das aulas, o rapazinho da pergunta constrangedora, até teve a presença de espírito de gritar a plenos pulmões "Deo, Portugueses!" (Para quem não sabe, Deo é "adeus"). Foi um bom dia de aulas.
Saídos da faculdade, com mais um bocadinho de chuva e dirigimo-nos à estação para voltar para casa. Comprámos os bilhetes, desta vez de 50 viagens em vez de 10, numas máquinas ligeiramente irritantes que berravam as instruções em catalão, sem que desse para baixar o volume ou mudar o dialecto. Sentámo-nos naquela que foi a maior espera que já fizémos por um comboio desde que chegámos. A estação, aparentemente simples, deve ter uma substância no ar condicionado que nos faz ficar meio-adormecidos pois quando nos levantámos estávamos mais moles do que de manhã e a Ana foi grande parte do caminho a dormir literalmente em pé, encostada a uma porta do comboio. Esta altura do dia é, quase sempre, passada num total silêncio entre os dois viajantes, que apenas grunhem quando querem algo que não esteja no caminho normal para casa.
Cada vez mais moles e quase sonâmbulos, entrámos em casa, reaquecemos o caril de frango (que já foi feito a pensar no almoço do dia seguinte) e comemos. Só quando nos retirámos, cada um para seu canto - o Fábio para o quarto, dormir, a Ana para a sala, ver um filme e trabalhar - é que vimos que o nosso "almoço" se deu por volta das 11.45h. Já olhávamos para o relógio antes de comer...
A moleza do almoço custou a passar, principalmente porque a casa estava quente e a cheirar a lavadinha, mas acabou por ir embora quando decidimos sair de casa e ir às compras, entre outras coisas, para o jantar. Mais uma vez, as incursões ao supermercado são sempre o momento alto do dia, divertimo-nos muito a fazer compras. Para além de parecermos o puro casal, o que provoca alguns olhares laterais tendo em conta a nossa idade (o povo de St. Cugat é conservador...), fartámo-nos de rir quando pedimos à peixeira uma dourada e ela nos perguntou como a queríamos. Olhámos um para o outro e entre gargalhadas alarves, murmurámos "Amanhada"! Lá nos conseguimos fazer entender, ao que ela respondeu "Solo voy a quitar las barbatanas e las tripas." Foi a risada. Como este momento sinistro não chegou, o Fábio fez questão de perguntar "Ana o que é aquilo?!" com um ar enojado e a apontar para uma cesta do que nos pareceram camarões, mas que mais deviam ser grilos. Lá aspecto de camarão tinham, mas eram pretos como grilos e secos como sei lá o quê. Afastámo-nos da peixeira ainda a rir e, quando olhámos para trás (não conseguimos evitar) vimo-la retirar a cesta e olhar com um ar duvidoso para o seu conteúdo. Não ficámos muito seguros em relação à dourada...
De volta a casa, o Fábio entreteve-se a artilhar o blog (já reparam, há videos, novos blogs e sites que sugerimos...) enquanto a Ana dava uma de Cinderela e limpava a casa, cantando alegremente ao mesmo tempo que um cd tocava. Depois de admirar o melhor aspirador de sempre (que para além de super leve, é muitíssimo prático) limpou a parte da casa que competia ao Vitor, mas que sendo comum já não se aceitava de tanto pó que tinha no chão, e, no final, foi tomar um banho. Enquanto isto, o casal decidiu preparar uma baba de camelo, pelo que colocou uma latinha de leite condensado a cozer. Veremos o resultado num futuro próximo...
Entretanto, a Ana foi fazer mais um magnífico jantar (Dourada grelhada com batatas cozidas) que o Fábio não degostou porque adormeceu prai as 19h. A Ana comeu então o seu manjar sozinha e pouco depois foi também dormir, porque estes dias têm sido mais cansativos que o previsto.

Santo do dia: St. Nil

A todos os que nos seguem de perto

os nossos obrigados, beijinhos e abraços

4 comentários:

coelho_branco disse...

claro que somos muitos melhores a ingles mwahaha, representem-nos bem :D e ainda bem que fizeram amigos, eles parecem bem simpáticos. beijinhos muito grandes, um especial para a minha maridinha ;D* (e leio-vos sempre, embora nem sempre comente! btw, adorei a casa! e saber que a ana tem lá o peluchinho que lhe dei! ;D <3)

teresa disse...

LOL, ri-me bue com a aula de ingles! Bora Ana já a trabalhar para comer a espanholada, ahahah! Beijinhos para os dois!

Anónimo disse...

oh ana afinal não estavamos tão errados quanto à espanholada. lets go girl!lololol.
gostei de saber que vão ser usados. usados pela professor de inglês...depois contem como foi

da vossa gossip girl.

ps: a sara, não se se lembram da sara PARECE A MISS PIGGY com dois tampoes enfiados no nariz. pronto peço desculpa

Anónimo disse...

Tenho novidades fresquinhas. Pois parece que a alexandra lencastre descobriu que tem uma irmã com 40 anos, o que significa que o pai da alexandrinha é dos nossos.
Outra é que a Tina a mulher do Toy pô-lo fora de casa porque ele a traiu à 3 anos.
qd a traiu parece que teve um filho e a mae desse filho pos o toy em tribunal prq ele n paga a pensão de alimentos ao puto.


A verdadeira gossip girl