Otro día en el paraíso

Então vamos lá a mais notícias frescas na vida dos ricos e famosos. Que nos contam?

Aqui, pelo lado dos pobres e banais, continua tudo ainda melhor do que antes. Embora o humor matinal se mantenha, silencioso e grunhento, estamos mais animados e o mínimo olhar serve para nos rirmos um bocado! Assim que entramos no comboio então, a nossa vida muda e a felicidade apodera-se de nós. Depois de mais uma manhã como todas as outras - Ana acorda, chama o Fábio, veste-se, chama o Fábio, vai comer, chama o Fábio... - fomos para o comboio na habitual dormência psicológica. Quando lá chegámos, e para não variar, lá estavam os 875 distribuidores de jornal do metro, o dia, o actual e sabemos lá mais quantos. Será que não percebem que acabam por dizer todos o mesmo?? Enfim...

Entrámos e, mais uma vez, uma senhora esperançosa dirigiu-se a nós para nos dar um jornal. Mais uma vez, grunhimos um "não" e tentámos esboçar um sorriso que, mais uma vez, foi ignorado pela dita senhora.

Esperámos uns minutos naquela que, era agora, uma estação aquecida pelo sol, e lá chegou o transporte. Mais umas aberrações, mais uns risos controlados, mais umas más-línguas que ninguém compreende. Chegados à estação da universidade, o maquinista parou o comboio e, com esforço, levantámo-nos para, pensávamos nós, sairmos. Mas não. O maquinista que devia estar cheio de humor decidiu repôr a carruagem em andamento, sem aviso prévio, pelo que nos assemelhámos bastante a peças de dominó, mas multiplicado por toda a gente que se encontrava lá dentro. Isto tudo para andar uns 2 metros.

Saídos da carruagem do terror, pusémo-nos a caminho da faculdade, atrás doutros 300 macacos com cortes de cabelo sem descrição possível, e com roupas, no mínimo, duvidosas. A Ana sente-se mal por ter um cabelo tão "anormal" (sedoso, brilhante, simétrico...), já o Fábio sente-se mais integrado no meio.

Como chegámos à hora da aula, saltámos o habitual (e asqueroso) café da manhã. Só depois de termos adormecido 43567 vezes na aula de sociologia (a tal do futuro Heath Ledger) é que nos apercebemos do erro crasso que havíamos cometido. O que é que aprendemos então? Por mais asquerosa que seja a zurrapa a que eles chamam café, temos sempre de beber um antes de entrar para aquela aula!

A fazer um grande esforço para manter os olhos abertos, já que o homem está aula toda a olhar para nós - não sabemos se por sermos ET's ou se por sermos os únicos que prestamos atenção às aulas (o que também não ajuda à posição não-ET) - tentámos tirar alguns apontamentos do que ia dizendo e seguir as suas indicações, que como se não bastasse serem em catalão e àquela hora, ainda eram rápidas.

Saídos da aula de sociologia, e descontentes com o horário do dia (porque tínhamos furos enormes entre as aulas) resolvemos ir para o bar da faculdade, já que tínhamos que esperar 2h e meia até à aula seguinte, para berbermos o tão (não) desejado café e darmos mais uma vista de olhos às possibilidades de horários, para que se integrassem melhor umas aulas nas outras. Após duas horas de sudoku (Fábio), mensagens passadas a limpo para um caderno (Ana) e revisão de horários, chegámos à conclusão que as supostas aulas que íamos ter hoje, tinham sido por nós anuladas. Assim sendo, fomos ao gabinete do avô cantigas para lhe propormos este plano de estudos e, qual não foi o nosso espanto quando chegámos e vimos que não estava lá. Quiçá estava a dar um concerto...

Demos meia volta e pusémo-nos a caminho de casa. Durante o percurso discutimos a nossa tarde, que seria passada a passear pelo Eixample (sugestão de várias famílias), park Guel, etc e tal. Quando chegámos ao nosso humilde lar, galgados de fome, preparámos umas belas lulinhas à sevilhana, com esparguete, e papámos mais um bocadinho da baba de camelo (que por sinal, não teve repercussões no sistema digetivo da Ana, mas no do Fábio provocou umas defecações um pouco espumosas.)

A seguir ao almoço perguntámos ao Victor se não queria servir de guia turístico e ir passear connosco, ao que ele respondeu que hoje não podia porque tinha mais uma (das suas 2746) reunião do partido, mas que tinha todo o gosto em o fazer durante o fim de semana. Perante a proposta, a Ana pediu ao Fábio que ficassem então em casa para que pudesse trabalhar no seu relatório e não estar a perder duas tardes de trabalho. O Fábio acatou o pedido e foi para o quarto "trabalhar". Dez minutos depois quando a Ana lá foi, dormia ferrado!

Por seu lado, a Ana abancou na sala, pôs um cdzinho a tocar e teve uma tarde bem produtiva. Depois de ter passado a limpo todos os apontamentos até agora tirados (porque só hoje é que comprou um caderno decente, na maior e mais artilhada papelaria que alguma vez viu, no próprio campus universitário), passou o seu tão adorado, e tão modificado, horário para aquela que ela espera que seja a última versão, desta feita a computador. Depois disto, lançou-se ao trabalho sobre o relatório, mas ao fim dumas quantas páginas, preferiu aproveitar o sol que entrava pela janela e deixar o assunto para depois, já que já tinha adiantado qualquer coisita.

Umas horas depois, decidiu-se a ir chamar o Fábio, para que fôssemos às compras, pois estávamos a ficar sem comida. Surpreendentemente, quando o Fábio acorda de tarde tem imenso sentido de humor. O mesmo não se verifica de manhã, vá se lá saber porquê. Com cara de sono e meio desgrenhado, lá se levantou para acompanhar a Ana em mais uma, tão divertida, incursão ao supermercado. Avistámos a nossa amiga peixeira, que desta vez tinha os grilos dentro de uma caixa tapada, para que só os conhecedores (como nós) os pudessem reconhecer e solicitar; vimos mais umas quantas aberraçõesinhas e, tivémos o prazer de ver, uma senhora de uma certa idade olhar o Fábio de baixo para cima e fazer um ar de "Humpf!" como quem diz "Ai esta juventude!". Fez-nos recordar o nosso tão adorado país, onde tantas vezes ouvimos estes lamentos por parte das camadas mais velhas da população. "It was like a giant hug!"

Regressados ao piso, a Ana foi tomar banho e o Fábio foi buscar os seus novos lençóis para fazer a cama de lavado. A parte cómica da coisa, foi quando ele gritou "Ana preciso de tiiii!" como se estivesse quase a morrer e, depois desta sair da sala a correr em pânico, viu que ele estava apenas com dificuldades em endireitar os cobertores por dentro da capa do edredon... Se tivesse comprado um edredon era mais fácil sim, mas o que é que ele aprendeu com isto? Para a próxima, faz como a Ana que trouxe de casa (e por isso pagou excesso de bagagem)... Depois da Ana pôr a sua mão prática e mágica no assunto, a situação resolveu-se e a cama ficou (BEM) feita.

Após o incidente da capa de edredon vs cobertores, o Fábio foi grelhar as perninhas de frango, previamente temperadas antes da saída para as compras, e foi fazer o esparguete, para podermos jantar, enquanto a Ana punha a mesa. Vamos poupar os pormenores de como estavam as pernas de frango, pois a Ana tem amigos vegetarianos que quer preservar, mas dizemos só que estavam óptimas de sabor, mas um pouco estranhas por dentro.

Após o jantar, e com o ataque de riso mais parvo e comprido de sempre, sentámo-nos no sofá a ver a bela da tv catalã e a gozarmos mais um pouco com a experiência e com os barulho sinistros dos vizinhos, que parece que estão aqui dentro de casa.

Santas do dia (hoje há outra vez Jackpot e, desta vez, é de gajas!): Sta. Leonor i Sta. Margarida

A todos você o nosso obrigado pela atenção

PS - votem para sabermos quem são!