Tres días de aventuras

Pronto, ok, nós admitimos! Temos sido uns baldas para escrever aqui, mas temos tido tanta coisa para fazer que quando temos tempo para escrever só nos apetece sair de casa ou fechar os olhos e dormir. O relatório para a ESE não nos tem dado descanso e agora, aliado a esse, temos mais um milhão de trabalhos para cá... O que nos vale é que têm podido ser entregues em inglês ou num castelhano macarrónico, o que já ajuda alguma coisa. Adiante... Vamos tentar fazer um resumo rápido destes três dias.

No dia 3, depois das aulas normais da manhã, decidimos aproveitar a tarde para mais um bocadinho de dolce fare niente (é muito provável que esteja mal escrito...) e fomos até às ramblas, de novo, pois o Fábio estava cheio de coragem para fazer um piercing e a Ana precisava de comprar tops para Madrid, porque feita estúpida não trouxe nenhum e por isso morre de calor nas discotecas.

Quando estávamos a ir para as ramblas sucedeu o imprevisto! Sentados na estação, à espera do comboio, a Ana decide descalçar as botas para endireitar as meias que entretanto se tinham enorlado todas debaixo dos pés. O Fábio gozava. Um senhor que estava a comer uma sandes desviou-se um pouco do local. Quando o comboio chegou é que foi engraçado, porque o Fábio fez menção de se levantar mas as suas calças ficaram presas ao banco e ouviu-se um "crrrrr" do tecido a rasgar. Puxado, pela inércia, para o banco, o Fábio preocupou-se com o rasgão e a Ana riu que nem louca. Tentámos tirar as calças do sítio onde tinham ficado presas e só quando o comboio faz o "pi pi pi" das portas irem fechar é que o Fábio se conseguiu soltar e entrámos os dois feitos loucos a correr no comboio! Estivémos a rir metade da viagem, para gáudio dos que nos rodeavam e que não estavam a perceber nada.

Chegados às ramblas encontrámos quase todas as lojas de piercings e tatuagens na hora da siesta por isso esperámos, porque queríamos sondar todos os preços possíveis. Aprendemos que os espanhóis não se mancam porque a tatuagem mínima aqui oscila entre os 60€ e os 80€! A Ana pôs de lado a ideia de fazer a sua tatuagem aqui... No entretanto, enquanto esperávamos, fomos às lojas de roupa para a Ana comprar os tops. Lá procurámos muito e não é que comprou tudo na pimkie? Ela nem queria acreditar que conseguiu arranjar roupa decente na pimkie. E, choquem-se lá pessoas que conhecem bem a Ana, comprou uma boina, usa-a e fica-lhe bem! Na opinião do Fábio a que ela já tinha dava-lhe ar de turista, mas esta não. Depois de muitas lojas vistas e muitas transições entre Brasil (dentro das lojas) e Ártico (na rua) a Ana saiu dali com 2 tops e uma boina. Quando se fez hora, pusémo-nos a caminho de mais umas quantas lojas de body piercing e tatuagens indo parar a uma - pela qual já tínhamos passado no primeiro dia nas ramblas, mas o Fábio não tinha gostado por se chamar 666 (o número do diabo para quem não sabe) - que acabou por ser aquela onde o Fábio fez o seu piercing, por ser a mais barata. Ficou giro e não doeu, que é o mais fantástico. A loja era interessantíssima! Entre modelos de pénis e vaginas perfurados com piercings, até um empregado brasileiro com a cara toda furada de piercings, mas simpatiquíssimo, a loja tinha de tudo! À semelhança do que sucedeu com a Ana, também vão ter de adivinhar onde é o piercing do Fábio, daqui a uns dias numa nova votação. (Não sabemos se ajuda, mas a Ana gostou da ideia do local, mas por impossibilidades físicas não pode ter um ali e suspeita que numa relação mais intíma o piercing possa atrapalhar um bocado. O Fábio diz que não.)

Feito o piercing, passámos numa loja com t-shirts da kukuxumuzu, na qual a Ana comprou um recuerdo para a sua afilhada, não sem antes (segundo o Fábio) ter lhe sido feito um raio-x visual pelo monhé que nos atendeu. Felizmente a Ana não deu por nada porque estava a tirar o dinheiro da carteira.

Depois disso tudo, e muito cansados, pusémo-nos de novo a caminha de casa.

Dia 4, foi outro dia monótono em que tivémos aulas de manhã e a tarde foi toda passada a trabalhar nos relatórios, já que domingo e segunda não tínhamos feito absolutamente nada.

Dia 5, tivémos aulas de manhã e, na hora de almoço, o Fábio ficou na escola com o seu computador a trabalhar no relatório e a Ana foi almoçar a casa e trabalhar lá um pouco, também no relatório. Depois de ter pensado em faltar a aula da tarde, para continuar a trabalhar, e de se ter convencido a ir para não dar imagem balda dos portugueses, chegou à faculdade, entrou na sala de aula e percebeu que os alunos se estavam a reunir para decidir não ter aula para poderem participar numa manif qualquer. Incrédula e com cara de parva, lá voltou para casa com o Fábio onde ficámos a trabalhar o resto da tarde. Há uns dias o senhor que organiza a viagem a madrid tinha-nos enviado um mail a dizer que ia haver um metting, do pessoal que ia a madrid, no bar "Cyrano" em barcelona, no dia 5. Por isso, depois de muito trabalho, tomámos um banhinho, vestimo-nos, jantámos e pusémos pés a caminho, com um vento gélido que deve vir dos pirinéus ou mesmo do Ártico.

Muito bem dispostos, apesar do frio, esperámos pelo comboio e fomos até provença, estação na qual tínhamos de sair. Depois do Fábio perguntar a uns transeuntes "Perdona, sabes donde es la rua airbau?" e da Ana se ter partido a rir, encontrámos o bar e entrámos. Tão a ver a sensação de que nos enganámos no sítio? O bar estava praticamente vazio e tinha 4 ou 5 mesas dispersas com pares de pessoas a falar entre elas. Ocupámos uma outra com as expectativas bastante em baixo, até que vem falar conosco um senhor um tanto ou quanto speedado e a perguntar de onde éramos, os nossos nomes, etc. Apresentou-se como um dos organizadores e aí ficámos um bocadinho menos assustados. Pegou em nós e sentou-nos numa mesa com duas alemãs, com as quais começámos a meter conversa. Uns dez minutos depois, o mesmo senhor speedado pegou em nós os 4 e voltou a pôr-nos noutra mesa, desta vez com gregos. Conversa para cá, conversa para lá, muitos "UAU são de portugal!" e fizémos novos amigos. Achámos graça que um dos gregos se chamava Aquiles (original...) e outra algo parecido com Eleftera, que, aprendemos, em espanhol significa libertat (liberdade...). Passados uns momentos, e desafiada pelo Fábio e pela alemã com quem começámos por falar, a Ana levantou-se da mesa e foi chamar, a uma outra mesa, 4 alemães que lá estavam sentados e que faziam as maravilhas de alguns membros da mesa onde estávamos. Ficaram todos parvos com a lata da Ana e, até ela mesma, ficou parva com o à-vontade com que fez aquilo. Tenham medo amigos, o erasmus tá a mudar a Ana!

No bar, ainda encontrámos duas estudantes portuguesas, que por sinal tinham sido avistadas num jantar de tugas, e das quais a Ana não recordava nem a ponta dos cabelos e o Fábio tinha uma vaga ideia! Uma delas é a Rita, super querida, que vai conosco a Madrid e que está no 4º ano de medicina, e a outra rapariga, não vai a Madrid, e infelizmente com o barulho que estava não percebemos como se chamava. (Se lês o blog, diz-nos o teu nome!)

No fim do meeting, e sem olhos, por causa do fumo, nem ouvidos por causa do barulho (tendo em conta que não se ouvia a música, concluímos que o pessoal falava todo um bocado alto), pusémo-nos a caminho do nitbus, na companhia do Aquiles e da Eugénia, ou algo parecido, também ela grega. Nós, portugueses, fazíamos um esforço por falar um com o outro em inglês para que os gregos não se sentissem à parte, já eles falavam, muito pouco, um com o outro em grego. Foi simpático.

Mais uma vez, a Ana não viu o caminho para casa porque adormeceu assim que se sentou, já o Fábio foi o caminho todo de mp3 ligado a ver quando é que tínhamos de sair. Muito preocupado com a Ana, o motorista do autocarro gritou um "EH!" para ela acordar pois estavam na paragem da vila universitária. Só depois dela acordar é que o estrupício percebeu que a nossa ideia não era sair ali, mas sim continuar até Sant Cugat. Também foi simpático, da parte dele, acordar a Ana de forma tão gentil. Ela acha que se apaixonou pelo motorista, só por causa desse gesto. Com um frio de rachar qualquer coisa, e dando graças a todos os deuses e santos por termos uma casa com aquecimento central, fomos andando até ao nosso humilde lar, onde bebemos um leite quentinho (tão quente que a Ana queimou a língua e o céu da boca) e fomos dormir.

Hoje, há greve de alunos na faculdade, por causa do processo Bolonha, por isso prevê-se um belo dia de trabalho, já que no fim de semana vai ser só festa. Em função disso, não terão notícias nossas até segunda feira. Vá vá tentem controlar a histeria e o choro, são só três dias...

Santo do dia: St. Oleguer e St. Adrià

Beijinhos, abraços e muitos palhaços