Os Aventureiros

quarta-feira, 18 de junho de 2008

reflexion II

Primeiro que tudo caros leitores, há que referir que vos mentimos no último post. Isto porque de todas as vezes que é referido que "a Ana fazia tudo, menos estudar", "a Ana passou uma produtiva tarde a ler uns quantos apontamentos e a fazer 18737 coisas mais, nas entrelinhas", "Ana manteve-se em casa a fazer outras coisas (entre as quais tentava estudar qualquer coisinha)", "Depois de umas horinhas na piscina, Ana subiu e foi preparar a casa para a festa de anos 80 que acontecia nesse dia cá em casa, perdendo assim o segundo jogo de Portugal, porque não estava a passar na televisão", "Ana voltou a S.C., onde se deparou com uma falha nas pilhas da máquina. Triste e desanimada, estava a voltar para casa quando encontrou Victor num café e se sentou com ele", Ana não estava fazendo nada disso...
O que eu estava a fazer em todas essas alturas, juntamente com o Victor e com a Mariola (quando ela podia) era planear a festa surpresa para o Fábio, que decorreu sábado à noite, na praia de Barceloneta, e fazer um álbum de fotos destes 4 meses aqui passados... Pedimos desculpas pela mentira, mas o Fábio também acreditou em todas elas, embora achasse estranha tamanha amizade repentina entre mim e o Victor, que ultimamente passava algum tempo a mais a entrar e a sair do meu quarto...


Agora, perguntam-me vocês, "Ana, o balanço final do Erasmus é positivo?", respondo-vos que é mais do que positivo. É certo que não foi sempre fácil, tivémos muito trabalho (demasiado atrever-me-ia a dizer) e deparámo-nos os dois, pela primeira vez, com a dificuldade que é viver com alguém diferente das nossas famílias. Não foi fácil, não foi um mar de rosas e provavelmente, sou sincera, se pudesse repetir a experiência, faria tudo igual mas sugeriria vivermos em casa diferentes. Não por não gostar de ti Fábio, porque sabes que não é verdade e acho que não posso fazer mais nada para to demonstrar, mas apenas porque o facto de vivermos juntos e termos rotinas iguais nos cansou mais. Mais facilmente se criavam atritos, mais facilmente se criaram silêncios.
Obviamente também não digo que foi tudo mau. Gostei muito de viver com ele pelas coisas que isso me fez aprender. Aprendi coisas em mim, coisas nele, coisas na vivência a dois e, principalmente, diverti-me muito nalguns momentos. Felizmente, na maior parte dos que passava em casa, que esses sim foram poucos.

Passei pouco tempo em casa, não por estar sempre em festas, não por estar sempre a beber e a dançar, mas porque fiz amigos e disfrutei de momentos com eles. Disfrutei também de momentos sozinha que me souberam bem e me permitiram meditar e pensar mais em como solucionar as coisas.
Por outro lado, o passar pouco tempo em casa, permitia-me abstrair do facto de que não estava em Portugal, de que nos momentos dificeis não podia contar com as minhas meninas, ou com a minha tuna. Que nos momentos em que precisava de mimo e do conforto de um abraço, não podia recorrer à minha mãe, ao meu pai ou ao meu irmão. Pensei, e penso ainda hoje, que o passar muito tempo agarrada às memórias de Portugal, ia fazer com que não aproveitasse a cidade e a vida que ela me trouxe. Estou verdadeiramente feliz por ter tido a independência de sair de casa sozinha, ainda que no princípio tenha custado muito, e aproveitar as experiências que só poderia viver nestes 5 meses.

Sei que pensas que por vezes me esqueci de ti, mas acho que te provei vezes suficientes que estiveste sempre na minha cabeça, e que a minha prioridade (depois de mim mesma obviamente) eras tu. Tenho a confiança suficiente para arriscar dizer que poucos teriam lutado tanto por ti quanto eu lutei, e não me arrependo de o ter feito. O que não posso é viver a tua vida por ti e por isso respeitei as tuas escolhas. Nessas alturas o que te pedi foi que respeitasses também as minhas.

Como te disse várias vezes, como te demonstrei sempre que consegui e como te digo agora aqui, nunca me arrependi da decisão de vir para aqui contigo, porque tal como disse no início, volto a dizer-te: sem ti não seria a mesma coisa, não teria a mesma graça, não tiraria os mesmos ensinamentos. Aprendi com os momentos muito bons e com os menos bons, e agora tudo o que quero é voltar a Portugal contigo, meu esposo, e poder olhar nos teus olhos e ver a mesma saudade que eu vou sentir. Das noites cá em casa, dos sítios que vimos juntos, das saídas com as nossas meninas, dos relatos intermináveis dos nossos dias, da euforia da descoberta e do conforto do conhecido.

Porque gosto realmente de ti e espero que nunca ponhas isso em causa.

Para todos aqueles que aí estão, esperando por nós, aviso que já só faltam duas semanas para chegarmos aí, mas ainda faltam duas semanas para sairmos daqui...
O que quer que aconteça depois, o balanço é positivo e as memórias ficarão para sempre.

1 comentário:

Anónimo disse...

AMEI a ideia da Festa Surpresa pó Fabio!!! que fofos*

Também continuo a fazer balanços,meu amor, a ir aos mesmos sítios e as coisas começam cada vez a fazer menos sentido. Os restaurantes, a Old Town, o jardim Ógrod Saski, o Plaza, as ruas, tudo (não conheces mas eu dp mostro te fotos!! ahah). E, para ajudar à festa, Lublin está com sol (o que não é normal... visto que tiveram -30ºC ha 4 meses atras) e ainda me deixa com menos vontade de ir embora pq agora é q o tempo ta bom!!

Acho que Erasmus é uma experiência muito pessoal e individual, mesmo sendo feito com outra pessoa.
E apesar de voces viverem juntos, são duas pessoas diferentes, com pensamentos, ideias, feitios, objectivos diferentes.
E filha, tu sabes tão bem como eu as dificuldades que é viver 24h com a mesma pessoa...ver tudo com ela, comentar tudo com ela, experimentar tudo com ela, etc... mas tb sabes que, estando longe de casa, é tão bom saber que ela está ali ao lado e que, se nós precisarmos, ELA vai estar ali para nos ouvir e ajudar! =)

Tu viveste (e ainda vives) o teu ERASMUS, o Fabio viveu o dele, assim como eu vivi o meu e a Rita o dela!!
Cada um de vocês (ou de nós) vai levar do ERASMUS aquilo que procurou e aquilo que quer!! =D

AH!! E dia 5 (ou antes) vou-te dar um abraço mt mt forte e uma data de bejinhos SIIIM =), pq as saudades sao uma coisa fodida e, por mais q eu tente, elas teimam em não sair do meu coraçao!!

gosto cada vez mais de ti*