Lejo

Boas noites meu pessoal,
Esta é a minha vez de falar sozinho. Fui agora ver a Ana. Já se deitou à quase duas horas e continua acordada na net. Eu, depois de arrumar a cozinha, sentei-me na sala a ver The Closer, que nunca havia visto em Portugal, mas que acredito que não seja tão interessante na versão dobrada, e um documentário sobre as primeiras eleições democráticas em Espanha após a morte de Franco, tudo isto com o nosso novo melhor amigo, o Victor.
Escrevo agora para os meus amigos. Os que ainda vêm ler este blog. Está tudo bem, ainda estou vivo. Estou a adorar estar aqui. Já sentia algumas saudades de toda a gente, agora começo a sentir falta. Mas tudo está bem, e se espera que acabe bem.
O meu quarto é bonito, é azul e pequeno e tem uma grande janela com uma bela vista para o saguão. Não poderia ser melhor. A sala é enorme e fantástica, perfeita para ler, ver filmes, fazer corridas de cavalos e treinos de pilotagem da força aérea. Vocês iam gostar da minha casinha. É quase como um sonho tornado realidade, viver assim, semi-sozinho, num espaço como este. Quando cá vierem terão todos espaço para se sentar.
Confesso que a companhia também é uma das melhores. A minha relação com a Ana tem sido mega. Sei que pode parecer meloso e lamechas, mas realmente acho que temos cuidado muito bem um do outro e se tudo continuar assim, e que só tem tendência para continuar, vai tudo correr muito bem. A Ana, em muitas coisas, surpreende-me a cada dia. É provavelmente uma das maiores vantagens de viver com um amigo, a confiança que se ganha, o maior à vontade.
O Victor também tem sido uma boa companhia. Tirando os momentos de silêncio constrangedor, gosto muito de conversar com ele e até nos entendemos bem. Ah, e para os mais entusiastas, ele pertence à juventude de esquerda aqui de Sant Cugat. Os amigos dele também são super simpáticos e fartámo-nos de falar ontem à noite.

As viagens de reconhecimento a Sant Cugat também têm tido alguns frutos. Já conhecemos melhor a zona e as lojas e já sabemos onde nos temos que dirigir quando precisamos de algo. Barcelona também não é difícil de nos orientarmos. É como ir à baixa e ao bairro alto. Podes não saber o nome das ruas ou dos bares mas tens sempre uma ideia de onde estás.
O custo de vida também não é tão caro quanto se fazia parecer. Nos supermercados os preços são sensivelmente os mesmos e a roupa também não é em nada mais cara, até encontrámos lojinhas bem baratas no Bairro Gótico, tipo as lojas do Bairro Alto, mas com preços como na feira do Feijó.
Os cafés, sim, são bem mais caro. Como eu e a Ana já observámos, os Espanhóis ainda não dominaram a possível amplitude de preços entre um café expresso e uma meia de leite, pondo tudo a mais de um €, bem como os bolos. Este ponto torna-se uma desvantagem maior quando Sant Cugat está minado, mas mesmo minado, de Patisseries como a da Vianne no Chocolate, na qual não consegues resistir a babar-te enquanto olhas para os bolos frescos na montra recheados de chocolate e de frutos... Também tive que esquecer os Martini's a 1€ aos quais estava a ficar tão habituado. Aqui, por cada bebida, paga-se uma média de 6 € num barzito de rua.
Creio que vos pus a par da maior parte das coisas que vos poderiam interessar. Comentem, mandem mails, dêem noticias. Quero saber o que se passa com todos vocês por mais aborrecidas que possam ser as vossas vidas.
Beijos grandes a todos.
Fábio

Post Scriptum
Desculpem a mensagem não estar enfeitada mas creio que a Ana já adormeceu. Esse é trabalho dela.