Hoje estou em dia de escrever... Acabei de fazer a pior coisa que poderia ter feito, mas que ao mesmo tempo me soube tão bem. Enquanto o meu esposo descansa, lembrei-me de rever os primeiros momentos deste blog. Os primeiros textos, a antecipação, a ânsia do desconhecido, o medo de vos deixar.

Agora que já nem tudo é desconhecido, agora que já descobri tanta coisa, agora que sei que vocês continuam comigo, tenho pena de não ter vindo em setembro e poder prolongar a estadia por um ano.

Certo, há dias difíceis, certo há dias em que as saudades batem mais, certo que quero voltar para junto daqueles de que mais gosto. Mas também é certo que não quero deixar isto.

É engraçado... por mais habituada que esteja a isto e por mais segura que esteja de que vocês estão bem pertinho, a ambivalência mantém-se. Quero ficar, mas quero ir. Quero portugal, mas quero espanha. Quero-vos a vocês, mas também os quero a eles.

A vida é feita de escolhas, e sabia que ia adorar e que não iria querer que acabasse.

Mas tal como me fazem falta os serões com as minhas meninas no café, tal como me fazem falta os beijinhos da rita, tal como me fazem falta os conselhos da inês e as noitadas e cumplicidades com a sofia, tal como me fazem falta as três pimpolhas (pigmeu, dani e joaninha), tal como me faz falta a tuna e tal como me faz falta a minha família, ir-me-ão fazer falta as noites com os portugueses no pollo rico, as saídas com os meus erasmus, as noites com as minhas meninas Lisa, Claudia, Laura, Nuria, os jogos nas discotecas, as experiências partilhadas, os "tu si que vales!" e o chikichiki, as aulas a morrer de calor, o bafo quente do comboio todas as manhãs, os passeios pela cidade, as idas à praia com as chinesas a perguntar "massagem?", as pessoas que só esta cidade podia ter, os costumes, as tardes na minha sala com o sol a entrar pela janela, a independência que vivo aqui e a responsabilidade com que a experimento.

Tudo isso me faz falta agora, e tudo isto irá fazer falta no dia 2 quando lhes disser adeus.

O que me reconforta, é saber que parte do que sinto falta agora, está presente no Fábio, e parte do que vou sentir falta quando voltar, estará também nele e, juntos podemos reviver esses momentos. Porque se se viveu não se esquece, a menos que se queira, e eu não quero.

Não me arrependo nem um bocadinho de ter vindo e só gostaria de poder continuar por mais 5 meses.

Ps - prometo que vou tentar tirar fotografias normais com ele.