Os Aventureiros

domingo, 27 de abril de 2008

los dias con mi padre

Andamos desaparecidos, bem sei. Sei também que esta semana andámos mais desaparecidos que o costume. Se calhar não notaram porque as nossas crónicas são cada vez mais espaçadas, mas esta semana temos uma razão mais forte que todas as outras. O Daniel, a Marina e o meu pai vieram cá ter esta semana, de quarta a domingo (o meu pai) e a segunda (a Marina e o Daniel).

Pela minha parte, posso dizer que gostei muito dos dias que passaram. Não via o meu pai há demasiado tempo e por isso soube bem tê-lo cá, tão perto. Gostei de ver que estava feliz, estava tranquilo e, principalmente, que estava confiante de que eu me saía bem e de que estava no sítio certo com as pessoas certas. Também acho.

Depois de umas semanas de muito trabalho, saí de casa na quarta feira à noite para o ir buscar ao aeroporto. Comboio, autocarros, etc, e, uma hora e um quarto depois, cheguei ao aeroporto. Lembrei-me da adoração que tenho por aeroportos à noite, quase vazios, mas que sabemos que estão tão perto de nos levar para algum sítio diferente. Mesmo sabendo que não ia viajar, senti aquele bichinho de quem apanha o avião e está espectante do que é que vai encontrar.

Uns minutos depois, estava eu a ler os resumos de sociologia (porque tinha exame na sexta...), quando o avião aterrou e o meu pai saiu. Confesso que me soube bem o abraço e o ar de expectativa que vi nele. Dirigimo-nos aos táxis, porque pensava que já não havia transportes a sair do aeroporto, e vimos um autocarro que ia para a Plaza de Catalunya. Apanhámos esse e, aquilo que me pareceu uma hora depois, chegámos à Plaza de Catalunya, onde apanhámos o nitbus para Sant Cugat. Esse sim, uma hora depois, chegou ao seu destino, pelo que saímos e fomos para casa. Todo o caminho a conversar, chegámos a casa, comemos uma sopinha, um pão com manteiga e doce, e fomos dormir, expectantes com o dia que nos aguardava umas horas depois.

Quinta-feira acordámos às 11h e tal, por isso, dirigimo-nos para a Rambla. Um dia estupendo, um sol que era uma coisa parva e um calor de morrer na praia. Andámos, andámos, andámos um total de quase 5 km, talvez um bocadinho mais. Descemos toda a Rambla, virámos para o Port Vell, percorremos todo o porto, chegámos à praia da Barceloneta e continuámos a andar, até ao Port Olimpic. Mais ou menos nessa zona, desviámo-nos para dentro da cidade e voltámos para trás. Todos os caminhos foram, obviamente, percorridos com a máquina na mão.

Em todo o percurso fizémos muitas paragens, entre as quais, na boqueria, nos homens-estátua, num quiosque com bocadillos onde almoçámos, na própria praia, no peixe de bronze que está na praia, no bairro gótico, na via laetana, entre muitos outros sítios.

À noite, jantámos com o meu primo num restaurante que ele conhecia e fomos para o Bosque das Fadas, um bar muito giro na rua do museu de cera, que por dentro parece uma floresta e por isso nos transporta para um ambiente muito etéreo, místico e fantástico, com o Fábio, a Marina e o Daniel. À 1h da manhã puseram-nos literalmente na rua, porque o bar estava a fechar, e por isso não acabei o meu baileys... Viémos para casa todos no nitbus e quando chegámos, aparrámos todos instantaneamente.

Na sexta-feira às 9.00h da manhã, acordei comi e saí, com o Fábio, para o exame de sociologia. Como tinha combinado com o meu pai ele ir ter à faculdade para ver o campus, quando o exame acabou esperei um bocadinho por ele e fiz-lhe uma “visita guiada” pelo recinto da universidade. Gostei do entusiasmo com que via cada pormenor e me dizia a sorte que tinha por ter vindo para cá.

Efectivamente, parece que ao fazer a visita guiada, vi todos os pormenores do campus com uns olhos mais observadores, mais de quem está de fora, e apercebi-me realmente da beleza e das boas condições que ali tenho. Tive, de facto, uma sorte irreal em vir parar a este mundo.

Depois da visita, viémos a casa, almoçámos e dirigimo-nos depois para Montjuic. Apanhámos o funicular e vimos o castelo, o estádio olímpico, o MNAC (museu nacional de arte da catalunha) embora não tenhamos entrado, a fundação Joan Miró e todas as paisagens que se entrepunham no meio destes marcos. Não entrámos em nenhum museu durante os três dias, mas a nossa opinião era que, para quem tem pouco tempo – como o meu pai – para conhecer a cidade, mais vale vê-la por fora, no seu conjunto, do que estar a ver museus. Eu concordo, embora tenha obviamente vontade de ver os museus antes de me ir embora. Tenho tempo.

À noite, jantámos em casa com a famelga toda, excepto o vitor que foi jantar fora, e depois deixámo-nos ficar, os dois sozinhos porque o resto foi tudo para a festa, em casa a ver um filme. Estávamos estoirados e a precisar de estar quietos e a descansar.

No sábado, acordámos perto das 9.30h e, depois de um rápido pequeno-almoço, saímos em direcção à Gracia. Da estação fomos para o Parc Guell, tendo andado ao todo cerca de 6/7 km. Gostámos imenso do Parc Guell, mas confesso que o imaginava mais como um jardim, com imensa relva e sombrinhas. Em vez disso, a paisagem era mais deserta, com paredes de areia compacta, como se vê nas encostas do road-runner (bip-bip, para quem não está a associar), e colunas que mais pareciam incas ou maias ou algo do género. Ainda assim, gostei muito e quero ver se lá volto com a minha mãe no próximo fim-de-semana. Depois de umas horas no Parc Guell, descemos até ao Hospital de Sant Pau. Andámos um bocado à toa nas ruas e, só depois nos apercebemos, que tínhamos estado a tirar fotografias numa rua que estava de frente para o hospital mas, como não olhámos para trás e não o vimos, fomos dar a volta da vida para lá chegarmos!

Uma vez lá dentro não conseguíamos parar de tirar fotografias e de apreciar o que já se fazia no século XV (data de construção da ala principal do hospital). Hoje em dia já há outras áreas, construídas posteriormente, mas ainda assim, quem nos dera que o nosso Santa Maria fosse como este. As cores do edifício davam luz, vida, ao ambiente de doença e pessimismo que se vive num hospital. Fiquei com vontade de mandar umas quantas fotos para a Câmara, podia ser que mudassem os hospitais que andam a cair de podre e sem condições nenhumas aí no nosso país!

Mais uns minutos, mais umas fotos, e descemos directamente para a Sagrada Família. O dia estava menos nublado do que da primeira vez que lá fui, por isso conseguimos tirar umas fotos com mais luz. Para a semana “posto-as” porque por enquanto ainda não tenho o cartão da máquina e por isso não tenho as fotos comigo.

Depois de mais de uma hora na Sagrada Família, voltámos a descer, desta vez para a La Pedrera e para a Casa Batló. Mais uma vez, não entrámos, mas apreciámos a sua arquitectura da parte de fora.

Fomos ao mac donalds comer uns hamburgueres, e pusémo-nos a caminho de casa, mais mortos que vivos. Depois de um banho relaxante e de uma massagem nos pés, recebemos as nossas amigas alemãs cá em casa, onde fizémos uma jantarada para depois irmos sair para o mirabé, aquela discoteca no Tibidabo com vista para a cidade. No comboio, eu e o meu pai fazíamos contas para calcular a que horas tínhamos de sair da discoteca para podermos apanhar o comboio para casa, virmos buscar as malas e pormo-nos a caminho do aeroporto antes das 7.00h. Lá chegámos a um acordo e por isso, até às 4h, bombámos todos na pista superior da discoteca. Às 4h eu e o meu pai saímos e fomos apanhar o comboio que liga a Avinguda Tibidabo à Plaza Catalunya. Esse foi mais ou menos rápido, mas quando chegámos à P.C. descobrimos que o comboio que nos tinham dito que partia às 5h, afinal só partia às 5.30h. Depois de entrarmos em pânico durante um bocado, uma vez que queríamos sair de Sant Cugat às 6h e não chegar lá a essa hora, sentámo-nos e adormecemos. Quando o comboio estava pronto para partir acordámos, entrámos e voltámos a adormecer até à nossa paragem. Chegados a casa, enfiámos a roupa na mala a correr e saímos, às 6.15h, a passo largo para a estação, contando com uma hora e um quarto, mais ou menos, de minha casa até à porta de embarque do avião. Tendo em conta que o avião partia às 8.45h e que o check-in tinha de ser feito até às 8h estávamos um pouco apreensivos... Ainda assim, dormimos todos os bocadinhos que tínhamos entre estações. Às 7.50h entrámos no aeroporto e, depois de um ataque cardíaco porque o BI do meu pai tinha desaparecido, lá se fez o check-in com a carta de condução. Como já estava a dormir em pé, despedi-me do meu pai e pus-me, de novo, a caminho de casa. Mais uma vez, adormeci nos comboios, mas desta vez ia acordando entre estações para ter a certeza de que não deixava passar nenhuma das estações nas quais tinha de sair. Às 9h e pouco estava em casa e deitei-me, até às 14h, num sono profundo. (Entretanto recebi uma mensagem do meu pai a dizer que tinha encontrado o BI).

Agora que penso nestes 3 dias, sinto o vazio que me encheu o peito ao deixar o meu pai no aeroporto. Parece que deveria ser ao contrário, eu a ir para casa e ele a ficar, onde quer que fosse. Na realidade foi um bocado assim, porque vim para casa de facto, mas foi estranho a situação de voltar sozinha, depois de uns dias tão completos. Para além do cansaço que sinto agora, não deixo de ter pena de ele ter voltado para Portugal e eu não. Não sei se por ele ter saído daqui, ou se por ter voltado para aí, mas alguma coisa me fez sentir aquele aperto no estômago e o nó na garganta.

Tudo o que posso dizer é que adorei estes dias, quero outros semelhantes e, agora, espero ansiosamente a visita da minha mamã, no próximo fim-de-semana.

(In)Felizmente, já falta pouco para voltar eu também. Até lá, vou aproveitando isto ao máximo, à minha maneira tão característica, e observando tudo à minha volta.

Um beijinho

1 comentário:

coelho_branco disse...

tenho saudades tuas, minha querida, muitas.. aproveita como tu sabes*