Os Aventureiros

quinta-feira, 10 de abril de 2008

un bueno dia

Caros leitores, devo dizer que hoje foi um dos melhores dias. Sei que têm havido muitos assim, felizmente, e que por isso parece que já não é novidade, mas o que é certo é que todos os "melhores dias" são aqueles em que fazemos algo de novo. Pois bem, hoje o dia foi assim:
8.00h da manhã, acordei sem sono algum, pela primeira vez desde que cá chegámos, e cheguei até a pensar "E se eu faltasse?" ao mesmo tempo que pensava "Naaaa... Bora lá!" com a alegria da vida. Levantei-me, vesti-me, fui chamar o meu maridinho, que me saudou com um alegre "Bom dia", e fui comer. Uns minutos depois, o meu saudoso esposo entrou na cozinha e voltou a brindar-me com um sorriente "Bom dia (alegria!)" ao que se seguiu um "Também adormeceste?" e cuja resposta que me veio à cabeça foi "Sim, ontem às onze da noite..." mas respondi apenas "Também adormeci?" e aí lembrei-me da aula de inglês que já tinha começado... Pois bem, a esta constatação, e à consequente indiferença perante o facto de termos faltado, seguiram-se alegres conversas, o que não é costume nas nossas manhãs. Muito bem dispostos saímos de casa e fomos apanhar o comboio para a aula que começava daí a 40 minutos. Fomos para o bar fazer tempo e beber um cafézito e daí partimos para a sala de aula. Ao chegarmos lá recebemos a fantástica notícia de que a professora da primeira hora tinha faltado, pelo que tudo o que conseguimos fazer foi olhar um para o outro e rir-nos na cara das nossas colegas, que ficaram sem perceber nada.
Aulas como tantas outras, introdução do tema dos exames, o que azedou um bocadinho a nossa disposição, mas que voltou a levantar-se logo de seguida, com um belo jogo do "Assassino e da Puta" com os nossos colegas do 2º ano. Antes do almoço ainda tivémos mais uma aula a seguir à qual voámos para casa para podermos matar a fome com o jantar de ontem.
Depois de almoço, eu tinha decidido ir passear para o Portal d'angel, para fazer umas compritas, enquanto o Fábio, ajuizado que é, decidiu que devia ir para a biblioteca trabalhar. Eu como já adiantei muitos dos trabalhos que tínhamos para fazer, decidi que o restinho que falta pode ficar para amanhã à tarde e para o fim de semana. Desta feita, depois de comermos que nem uns porcos fizémos uma pseudo-siesta de 30 minutos, antes de sairmos cada um para seu lado.
Assim, eu saí em direcção ao comboio, para a Plaça de Catalunia. Lá chegada, entrei para a Fnac, onde me passeei durante 40 minutos (só quando saí é que reparei no tempo que lá estive dentro) vendo livros, cd's, mp3 e o que mais havia. Esta paragem estratégica deveu-se ao facto de ter decidido que, já que não podemos fazer o curso de catalão por as classes estarem cheias, vou aprender a língua pelas minhas vias, através de livros, dicionários e o que demais for preciso. Assim, e por agora, comprei dois livros escritos em catalão, um sobre uma família de judeus que sofreu toda a repressão durante a segunda guerra - pareceu-me interessante - e um outro sobre um grupo de amigos que foi fazer um interrail, sendo por isso o diário de uma das miúdas - fez-me lembrar um certo grupinho de quem gosto!
Depois da Fnac, saí em direcção ao Portal d'angel, onde entrei na Pull, na Zara, na Bershka, na Pimkie (mau eu sei, mas às vezes até tem coisas engraçaditas) e em 24848362639 lojas de bijuteria, como a Bijou Brigitte e a Claire's. Fartei-me de ver coisas, mas no final acabei por comprar apenas um casaco de malha, uma pulseira, e 6 pares de brincos. Não foi assim tanto como isso, mas diverti-me à grande!
Antes de vir para casa, e como boa dona de casa que sou, lembrei-me que era preciso comprar algumas coisas para a casa, e por isso passei no carrefour. Esta foi a parte surreal da viagem. Embora já lá tivesse entrado, nunca tinha reparado que por mais que andasse, não havia comida em lado nenhum. Para além dos pré-cozinhados, do pão e dos aperitivos, não havido nada mais comestível à vista. Apenas atoalhados, coisas de casa de banho, bebidas alcoólicas e umas quantas inutilidades mais. Como me pareceu parvo de mais perguntar a alguém se não vendiam comida ali, decidi abrir mais os olhos e procurar placards e coisas do género. Lá encontrei um que dizia que a comida se encontrava no piso -1. Concluí que este carrefour tem 2 andares. Nada mau. Comprei o que tinha a comprar, comparei preços, e cheguei à conclusão que o carrefour, embora fique a meia hora de comboio da nossa casa, é bem mais barato que a mercadona que fica em baixo do nosso prédio.
Já no comboio, de regresso a casa, constatei que:
1) os 3d que estava a comer, remetem-me para os tempos em que ia assistir às competições de natação do meu pai no estádio 1º de Maio, onde - pelos vistos - me divertia a comer estas fantásticas preciosidades da indústria dos aperitivos.
2) o senhor, que ia à minha frente, tinha 5 bolsos no casaco e entreteve-se a revistá-los todos, sacando de cada um deles doses iguais de lixo e papéis dobrados, que confesso, me remeteram para as malas da minha mãezinha, que são um depósito de papel.
3) a senhora que ia ao seu lado, era fufa. Ao início, imaginando - como gosto sempre de fazer quando estou sem nada para fazer - a vida que teria, não me passou essa ideia pela cabeça, mas o que é facto é que a senhora, numa das paragens do comboio, fez sinal a uma pessoa para entrar e quando essa pessoa se acercou, era uma "mulher" e beijaram-se, sem qualquer vergonha ou pudor. A indivídua que se juntou em segundo lugar, era, essa sim, a pura da macha! O mais próximo do estereótipo que todos temos da fufa que assume o papel do homem, era ela. Mas uma coisa chamou-me à atenção, é que me pareciam genuinamente apaixonadas, e não vi aquele comportamento de querem marcar a igualdade, pela diferença (Não sei se me fiz entender).
Quando cheguei a casa, pousei as compras e voltei a sair, porque não havia batatas e eram necessárias para o jantar. No caminho para a mercadona, deparei-me com o facto de que, também em Espanha, se há alguém em apuros, ninguém pára para ajudar. Digo isto porque estava um senhor sentado num parapeito, a tossir e visivelmente com dificuldades em respirar, e toda a gente que passava olhava e não parava para perguntar se estava bem, ou se precisava de ajuda. Pensei em fazê-lo, mas reparei que ia ser bastante inútil, visto que não tinha o meu telemóvel e não ia conseguir fazer-me entender muito bem naquela situação, dado que não falo espanhol fluentemente. Ainda assim, quando entrei no supermercado, decidi que se o senhor ainda lá estivesse quando saísse, lhe ia perguntar se podia ajudar, pois tive todo o tempo a treinar a forma de o dizer. Efectivamente quando saí o senhor ainda lá estava, mas quando me aproximei, duas senhoras tiveram a mesma iniciativa, e vi que o senhor lhes disse que não precisava de nada, pelo que procedi com o meu caminho. Mas não deixou de me fazer confusão, e não deixei de me sentir mal por não ter ajudado logo.
Voltei, fiz o jantar de chocos guisados com batatas que comecei agora a comer e que, modéstia à parte, está muito saboroso...

A todos um beijinho, um abraço e um palhaço

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